Outros nomes que este procedimento pode ser chamado:
Iodoterapia para doença de Graves, iodoterapia para doença de Plummer, Iodoterapia para bócio multinodular, iodoterapia para nódulo autônomo.
Introdução:
O hipertireoidismo é uma condição em que a glândula tireoide produz e libera quantidades excessivas de hormônios tireoidianos na corrente sanguínea. Esses hormônios, conhecidos como triiodotironina (T3) e tiroxina (T4), desempenham um papel fundamental na regulação do metabolismo do corpo. Esta doença pode ser várias causas, sendo as mais comuns a doença de Graves, o bócio multinodular tóxico e nódulo tireoidiano autônomo (adenoma tóxico). Os sintomas mais comuns são:
- Perda de peso inexplicável, apesar de um aumento no apetite.
- Sensação de calor excessivo e sudorese.
- Aumento da frequência cardíaca e palpitações cardíacas.
- Tremores nas mãos e nervosismo.
- Fadiga e fraqueza muscular.
- Intolerância ao calor.
- Irritabilidade, ansiedade ou nervosismo.
- Mudanças na frequência menstrual nas mulheres.
- Bócio (aumento da glândula tireoide).
A terapia com radioiodo, também conhecida como radiodoterapia / iodoterapia ou terapia com iodo-131, é um tratamento comum para o hipertireoidismo, especialmente em casos de doença de Graves e bócio multinodular tóxico.
Esta terapia envolve a administração de uma forma radioativa de iodo, o iodo-131. O iodo é um componente-chave na produção de hormônios da tireoide. Ao administrar iodo radioativo, ele é seletivamente captado pelas células da tireoide hiperativas. A radiação emitida então danifica ou destrói essas células, reduzindo a capacidade da tireoide de produzir hormônios em excesso.
Comparada às opções cirúrgicas como a tireoidectomia (remoção da glândula tireoide), a terapia com radioiodo é não invasiva, se tornando uma das primeiras opções dentre as terapias definitivas.
Indicações:
A iodoterapia é uma opção de terapia definitiva para o hipertireoidismo refratário à terapia medicamentosa e/ou hipertireoidismo de difícil controle na doença de Graves, adenoma tóxico, bócio multinodular tóxico/atóxico.
Radiofármaco:
Iodo 131.
Preparo:
- Será necessário a realização de uma dieta pobre em iodo, 15 dias antes da terapia, conforme orientado pelo setor de agendamento.
- Vitaminas / multivitamínicos que contenham iodo, devem ter seu uso suspenso, assim como medicamentos antitireoidianos, como tapazol, propiltiouracil, e medicamentos ricos em iodo como amiodarona, conforme orientado pelo setor de agendamento e sob autorização do médico solicitante.
- O paciente não deve ser exposto ao contraste iodado (utilizado em tomografias) e/ou iodo tópico, conforme orientado pelo setor de agendamento e autorização do médico solicitante.
- Se faz necessária a realização do exame BHCG para excluir gravidez em mulheres em idade fértil, conforme orientação dos protocolos internacionais.
Como é feito o tratamento?
Após consulta com um médico nuclear, que será o responsável pela definição da dose de iodo 131 a ser administrada para o tratamento, o paciente será encaminhado para o setor de agendamento, onde será orientado sobre o preparo do exame e data de realização da sua terapia.
Ao retornar na clínica no dia do tratamento agendado, após a abertura de ficha pelo setor RECEPÇÃO, paciente será encaminhado para o setor TÉCNICO, para uma breve entrevista, confirmação do preparo. Na sequência, paciente receberá a dose do iodo 131 por via oral e será orientado pelo médico nuclear sobre os cuidados de radioproteção necessários após a iodoterapia.
Efeitos colaterais e contraindicações:
No dia do tratamento, as queixas mais comuns são enjoo ou dor de cabeça. No decorrer dos dias, as outras queixas mais comuns são sensação de boca seca, inchaço ou dor na projeção das glândulas salivares.
A tireoidite, uma inflamação dolorosa da tireoide, pode ocorrer em 1% dos casos, assim como pode ocorrer a tireotoxicose, onde há uma piora dos sintomas do hipertireoidismo de modo temporário.
Este tratamento é contraindicado para mulheres grávidas e que amamentam. Caso seja necessário a iodoterapia durante o período de amamentação, a mesma deve ser suspensa de forma definitiva. Pacientes com a alergia ao iodo não possuem contra indicação para radiodoterapia com iodo 131. Exoftalmia severa poderá ser uma contraindicação, a depender da avaliação clínica.
Como solicitar?
Radioiodoterapia com iodo 131 no Hipertireoidismo.
Código TUSS:
TRATAMENTO DE HIPERTIREOIDISMO (GRAVES) – 40710050
TRATAMENTO DE HIPERTIREOIDISMO-BÓCIO NODULAR TÓXICO (PLUMMER) – 40710068
Código SUS:
TRATAMENTO DE HIPERTIREOIDISMO (GRAVES) -303120070
TRATAMENTO DE HIPERTIREOIDISMO-BÓCIO NODULAR TÓXICO (PLUMMER) – 303120061
Considerações finais:
A terapia com radioiodo é altamente eficaz no tratamento do hipertireoidismo. Frequentemente é considerada um tratamento definitivo porque geralmente resulta na normalização a longo prazo da função tireoidiana. Em muitos casos, pode levar ao hipotireoidismo (tireoide subativa) ao longo do tempo, que é então tratado com terapia de reposição hormonal tireoidiana. A iodoterapia é uma opção de tratamento segura e eficaz.
Referências:
- Coura-Filho, G.B., Torres Silva de Oliveira, M., Morais de Campos, A.L. (2022). Basic Principles of Radiopharmaceuticals. In: Nuclear Medicine in Endocrine Disorders. Springer, Cham. https://doi.org/10.1007/978-3-031-13224-7_1
- Padda IS, Nguyen M. Radioactive Iodine Therapy. 2023 Jun 3. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2024 Jan–. PMID: 32491673.
- Ross DS. Radioiodine therapy for hyperthyroidism. N Engl J Med. 2011;364(6):542–50.
- The American Thyroid Association and American Association of Clinical Endocrinologists Taskforce on Hyperthyroidism and Other Causes of Thyrotoxicosis, Bahn RS, Burch HB, Cooper DS, Garber JR, Greenlee MC, et al. Hyperthyroidism and other causes of thyrotoxicosis: management guidelines of the American Thyroid Association and American Association of Clinical Endocrinologists. Thyroid. 2011;21(6):593–646.
- Tallstedt L, Lundell G, Tørring O, Wallin G, Ljunggren J-G, Blomgren H, et al. Occurrence of ophthalmopathy after treatment for Graves’ hyperthyroidism. N Engl J Med. 1992;326(26):1733–8.
Autora: Dra. Mayara Torres Silva de Oliveira – CRM / SP 147.385 – Médica Nuclear