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PET/CT Infecção (Cardiológico)

Outros nomes que este procedimento pode ser chamado:

PET SCAN para a Pesquisa de Processos Inflamatórios, Tomografia por Emissão de Pósitrons do Coração para Avaliar Inflamação, PET com Tomografia Computadorizada Cardíaca, PET SCAN com Fluor18 do Coração, PET/CT para Pesquisa de Endocardite Infecciosa/Processos Inflamatórios Cardíacos e dos Grandes Vasos.

Introdução:

O PET-CT com 18F-FDG é útil no diagnóstico de endocardite infecciosa e em processos inflamatórios cardíacos e dos grandes vasos. A elevada acurácia deste método se baseia no fato do tecido cardíaco em vigência de processos inflamatórios/infecciosos aumentar o seu consumo de glicose como resposta fisiológica ao microrganismo invasor.  Sendo assim, realizando um preparo rigoroso adequado (melhor detalhado abaixo), é possível obter imagens para detecção de áreas de infecção que apresentam captação focal do radiofármaco, sem concentração significativa do radiofármaco no tecido cardíaco “saudável”.

Indicações:

  • Alta suspeição de endocardite infecciosa de próteses valvares com ecocardiograma não diagnóstico.
  • Avaliação de embolização séptica à distância de endocardite (tanto para próteses valvares como nativas).
  • Avaliação de infecção de “devices” como marcapassos e cardiodesfibriladores implantáveis.
  • Investigação de miocardites, atividade inflamatória miocárdica de doenças sistêmicas como Sarcoidose e Lupus Eritematoso Sistêmico.
  • Avaliação de processos inflamatórios de grandes vasos (Arterite de Takayasu, por exemplo).
  • Acompanhamento do tratamento de endocardite infecciosa, processos inflamatórios cardíacos e dos grandes vasos.

Radiofármaco:

F18- fluordeoxiglicose – FDG.

Preparo:

Pode-se inibir o metabolismo glicolítico do músculo sadio, através da realização de dieta rica em lipídeos e praticamente sem carboidratos nas 24 horas que antecedem o exame (fornecemos uma lista de alimentos permitidos e proibidos).
O aporte de ácidos graxos em abundância permite que o músculo cardíaco sadio utilize esta fonte energética, restando o uso da glicose radioativa somente para os segmentos doentes. O uso de ômega 3 em cápsulas de administração oral na véspera e no dia do estudo, assim como a administração endovenosa de heparina não-fracionada (em casos em que não haja contraindicação clínica) minutos antes da infusão do traçador radioativo (incrementando a lipólise hepática) auxiliam no aporte de ácidos graxos e consequentemente diferenciação do músculo inflamado. O jejum a partir da noite anterior ao exame (por cerca de 12 horas) também se faz necessário.

Como é feito o exame?

Paciente será recebido pelo setor da recepção onde será realizadas a abertura de ficha e conferência dos documentos e pedido médico.
Na sequência paciente será encaminhado ao setor técnico para uma breve entrevista, conferência do preparo e administração do radiofármaco por via intravenosa. Paciente permanecerá em repouso por 1 hora. Posteriormente as imagens serão adquiridas com paciente deitado (decúbito dorsal). As imagens pode levar de 15 a 30 minutos em média para serem adquiridas. Imagens tardias complementares poderão ser solicitadas a critério médico.

Efeitos colaterais e contraindicações:

  • Não foram observados efeitos colaterais durante ou após a administração do radiofármaco descritos na literatura.
  • O uso da heparina está contraindicado em situações que envolvam coagulopatias e/ou risco de sangramento.
  • A administração oral de cápsulas de Ômega 3 pode provocar náuseas e flatulência em alguns pacientes.
  • As contraindicações são relativas e basicamente relacionadas à estados hiperglicêmicos (diabetes descontrolada) e gestação.  Doses de insulina devem ser ajustadas de forma a evitar a sua administração no dia do exame.

Como Solicitar?

  • PET Cardiológico com 18F-FDG  ou PET corpo inteiro com avaliação dedicada cardíaca para pesquisa de endocardite infecciosa – Código TUSS: 4.07.01.04-2
    * Favor incluir o CID, hipótese diagnóstica e/ou indicação do exame.

 

 

Considerações finais:

  • Na atualização dos critérios de Duke publicados em maio de 2023, o PET-CT com 18F-FDG foi incluído com um critério maior de Duke modificado para paciente com suspeita de EI que apresentem achados sugestivos de processo infeccioso em valva nativa, dispositivos cardíacos e prótese valvar implantada há mais de três meses (com valor equivalente ao achado do ecocardiograma) e como critério menor no caso de pacientes submetidos a troca valvar há menos de três meses. Além disso, nas diretrizes mais recentes da ESC, o PET/CT é colocado como classe I de recomendação nos casos duvidosos em pacientes com prótese valvar e / ou com dispositivos cardíacos e como critério menor naqueles com válvula nativa, principalmente por permitir a avaliação de lesões à distância.
  • O padrão de captação focal (imagem 1) no local da prótese demonstra alta sensibilidade e especificidade para o diagnóstico de infecção, enquanto a presença de captação linear difusa pode ser interpretada como reação inflamatória à presença do material protético.
  • Na miocardite (imagem 2) o PET/CT com 18F-FDG pode auxiliar no diagnóstico etiológico da insuficiência cardíaca em situações cujos marcadores de lesão miocárdica e inflamatórios não estejam em sua fase de pico e também acompanhar a evolução do tratamento. Na avaliação da miocardite, imagens do miocárdio em repouso com Sestamibi-Tc99m podem ser necessárias para determinar consequências perfusionais do processo inflamatório, como por exemplo, a evolução para fibrose (fase cicatricial).

Referências Bibliográficas:

  • 2023 ESC Guidelines for the management of endocarditis. European Heart Journal 2023: 00; 1-95.
  • de Camargo RA, Sommer Bitencourt M, Meneghetti JC, Soares J, Gonçalves LFT, Buchpiguel CA et al. The Role of 18F-Fluorodeoxyglucose Positron Emission Tomography/Computed Tomography in the Diagnosis of Left-sided Endocarditis: Native vs Prosthetic Valves Endocarditis. Clin Infect Dis. 2020 Feb 3;70(4):583-594.
  • Cahill TJ, Baddour LM, Habib G, Hoen B, Salaun E, Pettersson GB, et al. Challenges in Infective Endocarditis. JOURNAL OF THE AMERICAN COLLEGE OF CARDIOLOGY. 2017 January 24;69(3):344 – 352.
  • Nishimura RA, Otto CM, Bonow RO, Carabello BA, Erwin JP, Guyton RA, et al. 2014 AHA/ACC Guideline for the Management of Patients With Valvular Heart Disease: A Report of the American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines. Journal of the American College of Cardiology. 2014;66(22):2489.

 

Autora: Dra. Agnes Araújo Valadares – CRM/SP 141.725 – Médica Nuclear

 

CRM / SP 141.725 – Médica Nuclear
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